Boa
tarde. Obrigado, Presidente, Vereadora Leila do Flamengo:
Decreto nº19432
- de 1º de janeiro de 2001, encaminhado pela Secretária
de Defesa dos Animais Maria Lucia Frota Cavalcanti ao
Prefeito Cesar Maia, baixado em 1º de janeiro de 2001, no ato
de posse.
Decreto 19432
De 1º de janeiro de 2001 - Proíbe Vivissecção e Práticas
Cirúrgicas Experimentais nos Estabelecimentos
Municipais
O PREFEITO DA
CIDADE DO RIO DE JANEIRO, no uso de suas atribuições legais,
baseado na Lei Federal no. 9.605 art. 32, de 12/02/98
regulamentada pelo decreto 3.179 de 21/09/99 e que prevê
detenção de três meses a um ano, e multa "a quem" praticar ato
de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres,
domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos, e em seu
parágrafo primeiro: "incorre nas mesmas penas quem realiza
experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para
fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos
alternativos" e considerando que existem tais
recursos,
DECRETA:
Art. 1 - Fica
proibida a prática de vivissecão e de experiência com animais
nas instituições veterinárias públicas municipais.
Parágrafo Único
- A realização da práticas proibidas no caput serão
consideradas faltas graves.
Art. 2 - As
Secretarias Municipais de Saúde e Promoção e Defesa dos
Animais, são os Órgãos competentes para zelar pelo cumprimento
do presente Decreto, fiscalizando e promovendo a apuração de
responsabilidades no âmbito do Município e aplicando as sanções
administrativas quando cabíveis.
Parágrafo Único
- Concluindo o expediente administrativo pela ocorrência do
delito, será dirigida à Procuradoria Geral do Município
relatório circunstanciado, para a adoção das providências
cabíveis.
Art. 3 - Este
Decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas
as disposições em contrário.
Rio de Janeiro, 01
de janeiro de 2001.
437º ano da
Fundação da Cidade.
CESAR
MAIA
Mês
passado, o mesmo César Maia, vetou a lei de minha autoria,
aprovada por esta Casa de Leis, que proíbe a vivissecção e
experiências com animais, com a intenção de defender a saúde
dos seres humanos.
Devido a
este fato, e em defesa da minha lei, pela primeira vez subo
nesta tribuna para defender direitos já tão bem e
permanentemente defendidos pelos meus pares: os direitos dos
animais humanos.
E é com
este intuito que afirmo que pesquisas científicas acuradas só
podem ser feitas sem o uso de animais, e que pesquisas com
animais são condenadas internacional e nacionalmente por
inúmeros cientistas. Passarei a citar apenas alguns
deles:
Inicio
com trechos da declaração de princípios anti-vivisseccionistas,
publicada por uma das maiores autoridades internacionais no
tema:
Hans
Ruesch
A
vivisseção e a experimentação usando animais devem ser
condenadas, tanto por motivos éticos quanto por motivos
médico-científicos.
A
vivisseção e a experimentação usando animais destroem o
respeito pela vida e insensibilizam os experimentadores com
relação ao sofrimento de seus pacientes humanos. A
insensiblidade para com o sofrimento dos animais se transforma
imperceptível mas inevitavelmente em insensibilidade para com
seres humanos.
A
vivisseção e experimentação usando animais não são o método
apropriado para a diagnose, estudo ou cura das doenças humanas.
As diferenças anatômicas, orgânicas, biológicas, metabólicas,
histológicas, genéticas e psíquicas entre homens e animais são
tão substanciais que o conhecimento obtido através de animais
não somente é inócuo como enganoso, podendo ser fatal em seres
humanos, especialmente quando doentes (catástrofes
farmacológicas, erros terapêuticos, etc.);
A
vivisseção e experimentação usando animais não são praticadas
no interesse da Humanidade, mas unicamente no interesse dos
próprios experimentadores e seus financiadores, já que nunca
houve até hoje uma única prova estatístico-científica de que
seus resultados são aplicáveis a seres humanos, enquanto que as
provas em contrário são incontáveis e cientificamente
irrefutáveis.
Os
resultados dos experimentos feitos em animais iludem o público,
e especialmente médicos e pacientes, com uma falsa sensação de
segurança, que os impede de prevenir as doenças e de
compreender suas causas.
A
maior parte das doenças de hoje não tem origens orgânicas mas
sim psicológicas, alimentares, sociais, ambientais, ecológicas
ou iatrogênicas (causadas pelas terapias prescritas pelos
médicos). Todos estes fatores não podem ser reproduzidos, em
sua complexidade, em um animal. Por isto, a medicina ortodoxa
não tem tratamentos definitivos para oferecer. Não é capaz de
curar nem mesmo o comum resfriado, os reumatismos, as artrites,
o câncer, nem a insônia, assim como nenhuma das outras doenças
tradicionais. Muito pelo contrário, conseguiu somente
multiplicá-las, enquanto produzia novas moléstias, tais como
AIDS, leucemia, esclerose múltipla, ebola, diversos tipos de
herpes, alergias, etc.). Ao se concentrar nos sintomas, a
medicina ortodoxa contribui para obscurecer o reconhecimento de
suas causas.
Uma
das muitas vítimas da vivisseção, é a assistência sanitária. As
cifras milionárias desperdiçadas anualmente em tortura inútil
de animais deveriam ser utilizadas numa adequada assistência
hospitalar. Os Estados Unidos, que gastam com a vivisseção mais
do que qualquer outro país no mundo deveria ser a nação mais
saudável de todas e, ao invés disso, é uma das mais doentes,
mental e fisicamente, e a esperança de vida dos seus habitantes
está em 17º lugar nas estatísticas, atrás de numerosos países
subdesenvolvidos, onde a experimentação animal é desconhecida.
Análogo é o caso da Suíça, que se gaba do mais alto consumo de
animais de laboratório no mundo, em relação à população, mas o
estado de saúde física e mental de sua população está entre os
mais deploráveis da Europa: o altíssimo consumo de medicamentos
é a prova concreta disso.
Na
medida em que a saúde humana depende, antes de tudo, da
prevenção e do estilo de vida individual, resultados válidos
para a saúde humana não podem ser de forma alguma obtidos
através de experimentos em animais..., A fixação da medicina na
experimentação animal, em detrimento da saúde e baseada nos
lucros dela derivados, determina a desconsideração de práticas
clínicas comprovadamente eficazes e, além do mais,
econômicas.
A
pesquisa médica deve ser holística, levando em consideração o
individuo como um todo, adotando métodos de pesquisa e
tratamento que considerem as causa e os pacientes, em vez de
resultados veterinários aplicados a humanos, que no melhor dos
casos, substituem sintomas agudos por doenças
crônicas.
A
formação do veterinário deve seguir os mesmos princípios
humanitários; não mais infligindo deliberadamente doenças e
mutilações em animais saudáveis, mas promovendo tratamentos
cuidadosos e éticos das doenças espontâneas e acidentes
naturais.
Por
todos esses motivos, exigir a abolição total e proibição por
força de lei da experimentação com animais, é não apenas
possível, mas necessário.
(Hans Ruesch's
CIVIS, Via Motta 51, POB 152, CH - Massagno, Switzerland
2005)
Passo ao
Dr. Christopher Anderegg:
Médico,
PhD, Chefe do Comitê Consultivo Médico de "The Nature of
Wellness", graduado em medicina E PhD em biologia pela
Universidade de Yale em 1987.
Primeiro
aluno de Yale a concluir sua graduação em apenas 5
anos.
Depois de
formado, trabalhou com experimentos em animais em diversos
labortórios, incluindo os da Universidade de Yale, Swiss
Federal Institute of Technology em Zurique, Suiça, tendo ainda
no mesmo instituto prestado serviços para Biomedical Research
of F. Hoffmann-La Roche (compania farmacêutica suiça,
mundialmente conhecida).
Tornou-se
antivivisseccionista depois de compreender a futilidade e os
perigos advindos dos experimentos com animais.
Desde
então se dedica a lutar contra tais experimentos e
afirma:
"Experimentos
com animais e métodos alternativos igualmente inúteis (que na
maioria das vezes se baseiam em culturas de células derivadas
de animais) são a maior fraude em todo campo da ciência e da
medicina e estão transformando a busca da cura de um número
sempre crescente de doenças humanas, numa catástrofe
biomédica.... A medicina humana não pode se basear na medicina
veterinária. Somente através de métodos verdadeiramente
científicos, aqueles de fato relevantes para as pessoas, ou
seja, aqueles que se baseiam em estudos clínicos em pacientes
humanos, investigações epidemiológicas em populações humanas,
investigações conseguidas através de autópsia e biópsia,
observação em voluntários humanos, experimentos com células,
tecidos humanos e cultura de órgãos poderemos ter a esperança
de compreender as causas das doenças humanas e encontrar suas
curas."
E, agora,
ao Dr. G.H.Walker, médico do Royal Hospital e Children's
Hospital em Sunderland, Inglaterra, que afirma:
"Estou
convicto de que o estudo da fisiologia humana através da
experimentação animal é o êrro mais grotesco e fantástico até
hoje cometido pela atividade intelectual humana. Todos deveriam
saber que a maioria das pesquisas sobre o cancer são uma grande
fraude."
E ainda,
em depoimento que frontalmente contradiz as justificativas
usadas pelo Prefeito Cesar Maia em seu veto à minha lei
anti-vivissecção, especialmente com relação a vacinas, a
Sergio Greif - biólogo, pós-graduado em Nutrição Humana
pela UNICAMP quando declara:
"De
fato existem normas internacionais que exigem o teste de
qualidade de vacinas em animais experimentais, no entanto, tal
imposição é meramente normativa, não técnica. Vacinas podem,
tecnicamente, ter sua segurança testada "in vitro" em células
humanas. Tais sistemas poderiam facilmente ser
utilizados....
Inúmeros casos
ilustram o fato de que as vacinas testadas em animais tem
causado diversos males à população, sendo que estes males vão
desde efeitos colaterais passageiros (alergias e febre) até
casos de mortes. Não é necessário recorrer à literatura
científica para obter informações a respeito disto. Os jornais
trazem o número de casos notificados de eventos adversos graves
pós vacinação em massa, todos os anos.
Da
mesma maneira, todos os testes necessários para a colocação de
novas drogas no mercado (testes de toxicidade aguda, sub-aguda,
crônica, toxicocinética, toxicodinâmica etc) podem ser
realizados sem a utilização de animais, sendo que a utilização
apenas se mantém por conveniência das instituições e devido ao
suporte legal, não técnico."
E tambem
à declaração de Thales Trez, formado em Biologia pela
UFSC:
"Aprendi que
animais não precisam ser mortos no processo de formação do
profissional de medicina. Hoje luto para que não se exija do
estudante o sacrifício de suas convicções éticas ou morais, e
para que animais não sejam mortos em um ritual tradicional e
ultrapassado."
Senhores,
como podem constatar, a minha instintiva identificação com os
animais e o meu fundamental horror à tortura me levaram ao
estudo deste tema e posteriormente à elaboração da lei ora
vetada pelo prefeito.
De todas
as minhas leis já aprovadas e vigentes, todas elas visando a
defesa dos direitos dos animais, esta é a mais importante,
tanto para os animais quanto para os homens.
A minha
convicção moral de que não há justificativa para a tortura de
um ser vivo e que nada de bom para a humanidade pode advir
dela, foi corroborada pela ciência
Através
da literatura anti-vivisseccionista tomei conhecimento de
provas que condenam cientificamente a vivissecção e a
experimentação com animais por serem ineficazes, inúteis e
trágicas para a saude do ser humano.
Mas
encerro passando às razões morais que embasam a minha
lei:
Não
aceito uma visão verticalizada da experimentação com
animais.
Em
qualquer tentativa de raciocínio vertical do pensamento, do
conhecimento, de qualquer das práticas usadas pelo homo
sapiens, se perde, inevitavelmente, a dimensão moral.
Com a
vivisseccção condenada por verdades científicas irrefutáveis,
eu permaneço priorizando a dimensão moral da percepção, a
disposição moral do espírito, a única capaz de conferir ao homo
sapiens o desejo de dar o salto mais heróico, o salto para fora
do "narcisismo básico", o salto que é capaz de abrir, na medida
em que passa a abranger "o outro" como ser igual a si mesmo,
espaço para o sentimento de compaixão, sem o qual a vida nesse
planeta continuará se deteriorando inexoravelmente.
Houve, há
2000 anos, alguém que já tinha percebido isso. Seu nome: Jesus
de Nazareth.
Não
aceito, luto e lutarei ferozmente contra qualquer ação
praticada pelo homo sapiens, que, movida pela, ou embasada numa
suposta primazia do homem em detrimento de outros seres vivos
da biosfera, permita a tortura sistemática, institucionalizada,
comercializada e lucrativa, de seres vivos sofrentes e
sencientes, dominados e incapazes de se defender.
A
vivissecção e experimentação com animais representam a
quintessência desta realidade, a quintessência da
tortura.
E nada
justifica a tortura.
Eu morro
antes da minha morte destinada, mas não torturo para
sobreviver.
Comunico
que para informar mais abrangentemente meus pares a respeito do
embasamento científico da minha lei, decidi convidar
autoridades brasileiras no assunto que, no dia 20 de junho,
estarão aqui presentes às 10h.
Na
ocasião serão exibidos documentários, dos quais constam imagens
chocantes de práticas da experimentação com animais assim como
depoimentos definitivos
Meus
agradecimentos especiais a:
Instituto Nina
Rosa
Frente Nacional
pela Abolição da Vivissecção
Sociedade
Fala-Bicho
Vegan Staff
Brasil
Aos grupos
organizados
E
ainda:
A todos
os que, isoladamente, nas ruas, ou ainda através dos milhares
de telefonemas e e-mails que recebi, demonstraram apoio
irrestrito à minha lei.
Foram
tantos e tão entusiamados - no sentido etimológico do têrmo -
que fizeram com que eu recuperasse minha tão abalada fé no ser
humano.